Em janeiro deste ano, publiquei uma versão do conto de fadas “A velha do bosque” registrada pelos Irmãos Grimm. Este conto não faz parte dos mais conhecidos, como Cinderela e Branca de Neve, por isso, decidi traduzi-lo e colocá-lo aqui. Esta é uma tradução livre do inglês, e não foi revisada.
Se quiser conhecer o conto de minha autoria “A velha e o bosque”, clique aqui.
A velha do bosque – Irmãos Grimm
Tradução: F.T. Rossi
Uma pobre garota serva, estava uma vez, viajando com a família que servia, através de uma grande floresta, e quando estavam bem no centro, ladrões vieram das moitas, e assassinaram todos que encontraram. Todos pereceram juntos, menos a garota que pulara da carruagem em pavor, e escondera-se atrás de uma árvore. Quando os ladrões haviam se retirado com seu saque, ela saiu e viu o desastre. Ela começou a chorar amargamente, e disse: “O que uma garota pobre como eu, pode fazer agora? Eu não sei como sair da floresta, nenhum ser humano mora aqui, então com certeza vou morrer de fome.” Ela andou e procurou por uma estrada, mas não achou nenhuma. Quando era o fim da tarde, sentou-se embaixo de uma árvore, entregou-se a Deus, e decidiu esperar ali e não ir embora, não importava o que acontecesse.
Quando, então, ela estava sentada já havia algum tempo, uma pomba branca veio voando até ela, com uma pequena chave dourada em sua boca. Colocou a chave em sua mão e disse: “Você vê aquela grande árvore? Lá tem uma pequena fechadura, que abre com esta minúscula chave; dentro da árvore você encontrará comida, e não mais sofrerá de fome.”
Sendo assim, ela foi até a árvore e a abriu. Achou leite em uma tigela, e um pão para comer. Quando ela estava satisfeita disse: “É hora das galinhas irem para casa; eu estou tão cansada, que poderia ir para a cama também.” A pomba voou até ela mais uma vez, e trouxe uma outra chave dourada em seu bico, dizendo: “Abra aquela árvore ali, e você vai achar uma cama.”
Ela a abriu, e encontrou uma bela cama. Ela rezou a Deus, para protegê-la durante a noite, deitou-se e dormiu. Pela manhã a pomba veio pela terceira vez, e novamente, trouxe uma pequena chave, e disse: “Abra aquela árvore ali, e você encontrará roupas.”
E quando ela a abriu, achou vestimentas bordadas em ouro, e jóias preciosas, mais esplendorosas do que as de uma princesa. Então ela viveu ali por um tempo, e a pomba vinha todos os dias, e lhe dava tudo que precisasse. Era uma vida boa e quieta.
Uma vez, entretanto, a pomba veio e disse: “Você faria algo por mim?”
“Com todo meu coração”, respondeu a garota.
Então a pequena pomba disse: “Eu a guiarei até um casebre; lá dentro você encontrará uma velha sentada junto ao fogo. Ela vai lhe dizer ‘Bom dia’. Mas por sua vida, não dê a ela nenhuma resposta. Deixe-a fazer o que quiser, passe pelo lado direito; mais para frente tem uma porta, abra-a, você vai entrar em um quarto onde uma quantidade de anéis de todos os tipos estão, alguns magníficos com belas pedras preciosas. Entretanto, os deixe onde estão, e procure por um liso, sem adornos, que deve estar entre eles, e o traga aqui, o mais rápido que puder.”
A garota foi até a pequena casa, e chegou na porta. Lá estava uma velha que a encarou e disse: “Bom dia, minha criança.” A garota não deu nenhuma resposta, e abriu a porta. “Pare agora mesmo”, disse a velha, e a agarrou pelo vestido, dizendo: “Esta é minha casa, ninguém pode entrar aqui se eu não quiser.” Mas a garota se manteve em silêncio, saiu de perto dela, e entrou no quarto.
Na mesa, estava uma enorme quantidade de anéis, que cintilavam e brilhavam diante de seus olhos. Ela os revirou, buscando pelo liso, mas não conseguiu encontrar. Enquanto procurava, viu a velha, e percebeu que estava fugindo, querendo sair dali com uma gaiola em sua mão. Então a garota foi atrás dela, tirou a gaiola de sua mão, e dentro da gaiola estava um pássaro com um anel liso em seu bico. Ela pegou o anel, e correu de volta para casa, bem contente, e pensou que a pomba branca viria encontrá-la, mas não veio.
Então, ela encostou-se em uma árvore, determinada a esperar pela pomba. Ali, se deu conta de que a árvore era macia e flexível, e deixava seus galhos caírem para baixo. De repente, os galhos a envolveram, e tinham dois braços. Quando ela se virou, a árvore era um belo homem, que a abraçou, e a beijou com carinho, dizendo: “Você me salvou do poder da velha, que é uma bruxa má. Ela me transformou em uma árvore, e todos os dias durante duas horas, eu era uma pomba branca. Enquanto ela tivesse o anel, eu não poderia retomar minha forma.” Então, seus servos e seus cavalos, que também haviam sido transformados em árvores, livraram-se do encantamento, e ficaram ao seu lado. Ele os levou até seu reino, pois era filho de um rei, e ele e a garota se casaram, e viveram felizes para sempre.